Segunda-feira, 22/03 de 2010.
Estamos invisíveis?
Um dia desses cheguei a um lugar onde trabalhavam várias pessoas. Estavam todas sentadas, aparentemente concentradas em seus afazeres diante dos computadores em suas mesas. Para que percebessem que eu estava ali buscando atendimento, falei em bom tom - "Bom dia". Uma ou duas levantaram a cabeça e logo tornaram a abaixar. Outras nem se moveram. Tive a sensação estranha que estava invisível. Passaram-se uns poucos minutos que pareciam uma eternidade, até que uma delas veio até a mim e me perguntou se eu desejava alguma coisa. Sem me olhar no rosto! Estranho, como estamos perdendo o senso de sociabilidade!
A crise de valores humanos (ou seria falta de educação?) está nos levando a uma certa cegueira preconceituosa onde enxergamos as pessoas conforme seu "Status", sua cor, sua classe social, e até pela forma como elas se vestem.
Seria exagero da minha parte? Talvez vocês lembrem de uma experiência vivida por um psicólogo que virou furo de reportagem na TV. Enquanto estudante se vestiu de gari e passou alguns dias junto a essas "pessoas invisíveis". Até seus professores não o reconheceram. Não o "exergaram". Assim como alguns dos seus colegas de curso. Simplesmente por estar ele travestido de cidadão comum. Desses que fazem parte do nosso dia-a-dia, e que influem diretamente nos nossos hábitos cotidianos de consumo de bens e serviços. E que de uma forma ou de outra nós não os enxergamos. Insistimos em ignorá-los, talvez pelo seu fardamento de trabalho, incomum e diferente ao mesmo tempo. Ou seria por causa da posição social que lhes impõe com seu humilde e despercebido trabalho? Eles são muitos. Só percebemos que eles existem quando não temos alguma necessidade básica satisfeita. Quando não tem pão e comida prontinhos. Quando não tem ninguém pra abastecer os carros. Quando acumula o lixo em frente as casas. Quando os produtos não estão arrumadinhos nas gôndolas dos super mercados.
Acontece que estamos num estado de cegueira espiritual, perdendo o senso de reconhecimento e de solidariedade. Tem muita gente que nós não queremos ver ou fingimos não ver. Eles estão em toda a parte, esperando nosso reconhecimento. Pelo menos um "Bom dia".
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